terça-feira, 11 de março de 2014

PROJETO VINICIUS DE MORAES

No ano letivo de 2013 realizei um trabalho sobre Vinicius de Moraes com meus alunos do 9º ano noturno da Escola Estadual José Ataíde de Almeida - Igaratinga - MG. O objetivo principal era fazer com que conhecessem  sua vida e obras, declamassem com entonação.
Foram separados em grupos de 4 a 5 alunos e cada grupo recebeu 3 SONETOS para analisarem e apresentarem em dia marcado (prazo de aproximadamente 15 dias).
A apresentação ficou a cargo de cada grupo, deveriam também falar algo da vida e obra de Vinicius de Moraes.
Para minha surpresa, um dos grupos me perguntou se poderiam apresentar em forma de música. Fiquei um pouco apreensiva pois um soneto não é para ser cantado,  mas disse que sim.
Durante todo período de preparação, percebi que aquele grupo estava eufórico, loucos para apresentar e sempre diziam que iriam dar um show. Por incrível que pareça eram alunos um pouco distantes em sala de aula, pouco interessados.
Chegou o grande dia.
Todos os grupos apresentaram com cartazes, apresentação em power point, declamaram os sonetos distribuídos, enfim, fizeram como pedi. E o grupo que pediu para apresentar em forma de música ficou para o final.
E ficou ma-ra-vi-lho-so. Repetindo que um SONETO não foi feito para ser cantado, mas a iniciativa, a coragem para preparar essa apresentação me comoveu muito. Contaram com a ajuda do músico DANIEL Pude perceber que todos haviam se esforçado, colocaram melodia no SONETO DE LONDRES de autoria de Vinicius de Moraes. Foi um trabalho ousado, difícil, mas com resultado surpreendente.
A gravação foi feita pelo celular,  por isso não ficou tão boa. Mas foi um trabalho que me marcou muito. Espero que gostem.



SONETO DE LONDRES

Vinicius de Moraes

Londres , 1939

Que angústia estar sozinho na tristeza 
E na prece! que angústia estar sozinho 
Imensamente, na inocência! acesa 
A noite, em brancas trevas o caminho 

Da vida, e a solidão do burburinho 
Unindo as almas frias à beleza 
Da neve vã; oh, tristemente assim 
O sonho, neve pela natureza! 

Irremediável, muito irremediável 
Tanto como essa torre medieval 
Cruel, pura, insensível, inefável 

Torre; que angústia estar sozinho! ó alma 
Que ideal perfume, que fatal 
Torpor te despetala a flor do céu?