Foram separados em grupos de 4 a 5 alunos e cada grupo recebeu 3 SONETOS para analisarem e apresentarem em dia marcado (prazo de aproximadamente 15 dias).
A apresentação ficou a cargo de cada grupo, deveriam também falar algo da vida e obra de Vinicius de Moraes.
Para minha surpresa, um dos grupos me perguntou se poderiam apresentar em forma de música. Fiquei um pouco apreensiva pois um soneto não é para ser cantado, mas disse que sim.
Durante todo período de preparação, percebi que aquele grupo estava eufórico, loucos para apresentar e sempre diziam que iriam dar um show. Por incrível que pareça eram alunos um pouco distantes em sala de aula, pouco interessados.
Chegou o grande dia.
Todos os grupos apresentaram com cartazes, apresentação em power point, declamaram os sonetos distribuídos, enfim, fizeram como pedi. E o grupo que pediu para apresentar em forma de música ficou para o final.
E ficou ma-ra-vi-lho-so. Repetindo que um SONETO não foi feito para ser cantado, mas a iniciativa, a coragem para preparar essa apresentação me comoveu muito. Contaram com a ajuda do músico DANIEL Pude perceber que todos haviam se esforçado, colocaram melodia no SONETO DE LONDRES de autoria de Vinicius de Moraes. Foi um trabalho ousado, difícil, mas com resultado surpreendente.
A gravação foi feita pelo celular, por isso não ficou tão boa. Mas foi um trabalho que me marcou muito. Espero que gostem.
SONETO DE LONDRES
Vinicius de Moraes
Londres , 1939
Que angústia estar sozinho na tristeza
E na prece! que angústia estar sozinho
Imensamente, na inocência! acesa
A noite, em brancas trevas o caminho
Da vida, e a solidão do burburinho
Unindo as almas frias à beleza
Da neve vã; oh, tristemente assim
O sonho, neve pela natureza!
Irremediável, muito irremediável
Tanto como essa torre medieval
Cruel, pura, insensível, inefável
Torre; que angústia estar sozinho! ó alma
Que ideal perfume, que fatal
Torpor te despetala a flor do céu?
E na prece! que angústia estar sozinho
Imensamente, na inocência! acesa
A noite, em brancas trevas o caminho
Da vida, e a solidão do burburinho
Unindo as almas frias à beleza
Da neve vã; oh, tristemente assim
O sonho, neve pela natureza!
Irremediável, muito irremediável
Tanto como essa torre medieval
Cruel, pura, insensível, inefável
Torre; que angústia estar sozinho! ó alma
Que ideal perfume, que fatal
Torpor te despetala a flor do céu?